quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Ainda sobre a misericórdia do Senhor...


Texto Bíblico - Lamentações 3:22,23

As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim;

Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade.



INTRODUÇÃO

Estas são palavras escritas pelo profeta Jeremias, reconhecendo a misericórdia de Deus diante de um cenário de destruição e desolação. Jerusalém havia sido saqueada e destruída pelos caldeus, parte do povo judeu foi levado cativo e o templo de Salomão havia sido arrasado.

Deus havia cumprido sua Palavra de juízo contra Judá, por causa da sua idolatria, rebeldia e desobediência. A Babilônia de Nabucodonosor haveria de ser o instrumento de juízo de Deus contra Judá (Jeremias 25:9). 

"Fez o Senhor o que intentou; cumpriu a sua palavra, que ordenou desde os dias da antiguidade; derrubou, e não se apiedou; fez que o inimigo se alegrasse por tua causa, exaltou o poder dos teus adversários"(Lamentações 2:17).

Apesar de tudo, Deus haveria de tratar com os inimigos de Judá, mas não pouparia o seu povo do castigo, pois não foi tomado de todo inocente:

"Porque eu sou contigo, diz o Senhor, para te salvar; porquanto darei fim a todas as nações entre as quais te espalhei; a ti, porém, não darei fim, mas castigar-te-ei com medida, e de todo não te terei por inocente"(Jeremias 30:11).

Os judeus pecaram e se rebelaram contra Deus abertamente, rejeitando a advertências vindas de Deus por intermédio dos profetas: "Também vos enviou o Senhor todos os seus servos, os profetas, madrugando e enviando-os, mas vós não escutastes, nem inclinastes os vossos ouvidos para ouvir"(Jeremias 25:4).


TENTANDO ENTENDER AS MISERICÓRDIAS DO SENHOR

Jeremias escreve que "as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos". Estas misericórdias são procedentes da benignidade, fidelidade e bondade de Deus. Deus se dispõe sempre a ser gentil e bondoso em Suas ações, mas isto não quer dizer que Ele seja conivente com o pecado dos homens.

Por outro lado, Deus está sempre pronto a perdoar um coração quebrantado: "Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus"(Salmos 51:17).

Benignidade é algo inerente à pessoa de Deus, pois sempre o Senhor se mostra gentil e predisposto a fazer o bem. Deus é bom (Marcos 10:1). Fidelidade é quando Ele sempre cumpre as suas promessas. Deus não mente e Ele é imutável de caráter. Bondade é a ação de ser bom sendo aplicada à vida dos outros com gentileza. Podemos dizer que o perdão é uma bondade de Deus sendo aplicada à nossa vida.

As misericórdias podem ser compreendidas como um mar ou uma multidão de misericórdias indo de encontro a um fogo consumidor. A disposição do Senhor é sempre ser misericordioso, apesar de Ele mesmo ser o Deus que cumpre a Sua justiça. Nosso Deus é amor (1 João 4:8) e também é um fogo consumidor (Hebreus 12:29). 

Os judeus não foram de todo consumidos pela espada, fome ou a peste. Havia um remanescente que Deus havia poupado pela Sua misericórdia. A maior parte do povo havia sido levada para a Babilônia. Nem mesmo os sobreviventes tiveram vida fácil no meio dos escombros da cidade. Havia um cenário de destruição, onde prevaleceu a força do fogo consumindo a casa do Senhor e várias outras casas, e os muros em volta de Jerusalém haviam sido derrubados(2 Reis 25:9,10).

Os relatos no livro de Neemias sobre a real situação de Jerusalém não eram nada animadoras. Isto foi por volta de 140 anos depois da destruição da cidade, já sob o reinado de Artaxerxes da Pérsia: "Eles me responderam: Os restos que ficaram do cativeiro lá na província estão em grande aflição e opróbrio. Os muros de Jerusalém estão demolidos, e as suas portas consumidas do fogo"(Neemias 1:3).


RECOMEÇANDO TUDO SOB À MISERICÓRDIA DE DEUS

Deus não deixou o Seu povo ser consumido pela desolação de Jerusalém. Não deixou o povo judeu sem esperança de reconstruir a sua cidade. A disciplina do Senhor foi na medida certa e justa para trazer o Seu povo de volta à verdadeira comunhão. 

Ele havia levantado homens como Neemias apara reconstruir os muros de Jerusalém, e ainda, sob à liderança de Esdras, o sacerdote e escriba, restaurou o verdadeiro culto ao Senhor (Neemias, capítulo 8).

"Com a autorização de Artaxerxes, Neemias voltou e organizou o trabalho dos judeus para construir os muros. Com a determinação de Neemias incentivando e supervisionando o trabalho, o que não haviam feito em mais de 90 anos foi feito em menos de dois meses!"(http://www.estudosdabiblia.net/jbd077.htm)

Enfim, as misericórdias começaram a prevalecer desde os dias de Jeremias no cativeiro babilônico até a reconstrução dos muros de Jerusalém sob Neemias e Esdras. Estas misericórdias foram renovadas a cada manhã, e a cada dia o Senhor usava de misericórdia com o Seu povo. Cada dia Ele curava os Seus após discipliná-los duramente por anos. 

Nos escritos do livro de Neemias, o intento de Deus era levantar, curar, animar e alegrar o Seu povo. Este processo durou vários anos até o evento de adoração a Deus, a leitura e a explicação da Lei do Senhor, quando o povo havia se quebrantado e voltado suas atenções para Deus, Havia então prevalecido a fidelidade do Senhor!

"E Neemias, que era o governador, e o sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que ensinavam ao povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus, então não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei.

Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto não vos entristeçais; porque a alegria do Senhor é a vossa força" (Neemias 8:9,10).

A misericórdia sempre foi aquilo que o coração de Deus quis conceder para o Seu povo. Na época das 10 tribos do Reino de Israel, Deus havia levantado um profeta para falar sobre o Seu desejo real:

"Vinde, e tornemos ao SENHOR, porque ele despedaçou, e nos sarará; feriu, e nos atará a ferida. Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos."(Oseias 6:1,6).

Podemos fazer um paralelo de como o Senhor desejou, em todas as épocas, que Sua misericórdia prevalecesse e Seu povo desse ouvidos à Sua voz e obedecesse. No ministério de Jesus, isto não foi diferente. Ele desejou abraçar calorosamente o Seu povo e protegê-lo por muitas vezes, assim como a galinha abriga os seus pintinhos debaixo de suas asas:

"Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste?"(Lucas 13:34).

O desejo de Deus é que nos voltemos a Ele, pois a cada dia se renovam as suas misericórdias. Passamos por lutas, tentações, privações, perseguições e outros tantos obstáculos, e no meio disso tudo querer nos engolir e nos consumir, as misericórdias do Senhor prevalecem e nos cobrem. Hoje, somos cobertos pelo sangue da Nova e eterna aliança entre Deus e os homens, o sangue imaculado do Cordeito de Deus, Jesus Cristo.

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